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Especismo foi o termo estudado no GEDA VALE

O estudo detalhado abaixo sobre Especismo foi realizado no dia 18 de maio no Parque Doutor Barbosa de Oliveira e faz parte dos objetivos do Camaleão de incentivo à informação, à leitura, de propagar os Direitos Animais, combater o Especismo e de capacitar as pessoas para um ativismo mais eficiente e um movimento de justiça social mais maduro e focado nas questões animalistas.

O texto utilizado para o debate foi o artigo Especismo Eletivo da filósofa Sônia T. Felipe.

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Inicialmente foi lido e comentado sobre o Glossário do termo Especismo e dessa leitura pode se retirar três pontos principais:
– Surgimento e definição do tema
– Paralelo e consequência do pensamento especista
– Pontos de vistas dos teóricos pós-especismo

1) O termo foi criado pelo britânico Richard D. Ryder, em 1973, que partiu da constatação de algo similar criado no século XIX pelo pastor protestante britânico Humphrey Primatt que definia um suposto preconceito a favor de si mesmo praticado pelos seres humanos. Segundo Ryder, especismo seria então definido como preconceito contra seres de outras espécies que não a humana.

2) Existe um paralelo entre Especismo, Racismo, Sexismo e outras discriminações, sempre um grupo justificando uma exploração com base numa diferença, no caso do Especismo uma diferença de espécie. A consequência do pensamento especista é que os interesses das outras espécies são sempre colocados em segundo plano ou em plano algum quando comparados aos interesses humanos.

3) Diversos teóricos que trataram da temática animalista se apropriaram do termo para fundamentar seus pontos de vistas. Peter Singer defendeu os animais com base em levar em consideração seus interesses, Tom Regan defende que os outros animais teriam os mesmos direitos básicos que humanos com limitações cognitivas, como bebês e deficientes mentais. Gary L. Francione argumenta a favor dos animais com base em que são seres sencientes.

A leitura do artigo principal iniciou com uma breve e boa introdução do Glossário, definindo de forma sucinta o conceito do preconceito de espécies e aprofundando o termo e suas implicações.

• Destrinchando o conteúdo:
2 Parágrafo: Foi discutido que a colocação “Urina, fezes, vômitos, vísceras, peles, patas e focinhos” usada pela filósofa Sônia T. Felipe não se tratava de um exagero ou uma dramatização e sim de uma narração da realidade dos fatos, sendo possivelmente, urina a representação da necessidade excremental dos animais, fezes também uma representação da necessidade corpórea, mas também as fezes contidas junto de suas bactérias (E.Coli) nos animais produtificados nos supermercados e açougues. Os vômitos como representação do mel da abelha e dos animais apavorados, amedrontados e acoados no corredor dos abatedouros que devido a toda tensão e após uma pistolada pneumática no cérebro vomitam na praia de vômitos. As peles, patas e focinhos representando diversos animais produtificados, como gelatina e rações de cães e gatos.

3 Parágrafo: Foi apresentado o significado do termo especismo eletivo que é a seletividade / hierarquização de uma espécie não-humana em detrimento de outra espécie não-humana. Tal conceito pode ser exemplificado através da diferenciação de tratamento entre raças caninas (“vira-lata” e pitbull) ou de tratamento entre espécies diferentes (amar cães, vestir vacas, comer porcos).

4 Parágrafo: Indagações foram levantadas como:
– Devemos amar os animais?
– Formigas e Baratas: o que é respeitar os insetos?
– Por que deveríamos respeitar os insetos?

A conclusão é que não se faz necessário amar os animais, basta fazer o mínimo, respeitá-los, e isso significa ser vegan (veganismo).
Em relação aos direitos dos insetos não é a estrutura física ou a aparência que determina se um indivíduo tem direitos e sim se a falta desses direitos desencadeia em uma destruição do corpo e da mente do mesmo e isso é aferido através da capacidade de sentir (senciência) e/ou da capacidade de vivenciar a si e o ambiente ao seu redor (consciência).

5 Parágrafo: Uma reflexão foi proposta sobre o quanto nossa linguagem está carregada de preconceitos e estereótipos (machistas e especistas) e também o quanto animais mais próximos dos humanos ou mais “bonitinhos” são mais queridos e respeitados.

6 Parágrafo: Um breve conhecimento e acompanhamento do trabalho da Doutora Sônia T. Felipe já irá nos colocar em contato com sua argumentação contrária a domesticacão de animais e nesse trecho ela solta o primeiro pitaco em relação a essa problemática antropocentrica.

“Os cães e gatos domados pela convivência com humanos já não representam sequer o espírito genuíno canino ou felino, evoluído naturalmente para expressar sua singularidade enquanto espécie animal. Os humanos os têm como prediletos porque esses espíritos já estão antropomorfizados”.

A critica a domesticação no GEDA VALE se deu pelo fato desses animais serem condicionados a viver no espaço que cedemos a eles, condicionados a passear de acordo com o espaço de corda que damos a eles e de comer somente aquilo que damos a eles, geralmente, uma única refeição monótona a vida inteira: ração industrial.

Além do problema de toda humanização praticada por alguns “amantes” de animais que numa tentativa de negar a condição animal do animal os vestem com roupas humanas, os levam em salões de beleza, os forçam a ficar com suas unhas esmaltadas e seus pelos pintados numa tentativa forçada de humanizar um indivíduo não-humano, como se fossem bonecos e bonecas, ao maior estilo Barbie e Ken.

Esses animais assim como quaisquer outros preferiam um campo livre para correr na grama e se sujar no barro do que estarem cheirando um perfume francês ou com as unhas pintadas das cores verde e amarelo do Brasil. E para aquelas pessoas que possam rebater tais colocações acima com o argumento de que o animal gosta de todo esse excesso de cuidado e “carinho” e gosta de ir ao salão, consideramos que se o animal realmente gostasse (o que é questionável se tratando de uma imposição do “seu dono”) seria apenas mais uma prova do quanto o animal foi antropomorfizado.

7 Parágrafo: Na citação “Precisamos pensar profundamente sobre nossa condição animal” a autora busca incessantemente enfatizar ao leitor humano, que ele possui uma animalidade, visto que seres humanos são uma espécie dentre as milhares espécies do planeta, e na continuidade do parágrafo pede-se ao leitor que se coloque no lugar do outro, se coloque no lugar do ser explorado, no caso em questão, as outras espécies ( porcos, ovelha, galinha, pata, jacaré e muitos outros).

Tal proposta de reflexão foi reforçada nas partes que se seguem no texto e foi enfatizada mais ainda durante os debates que se desenrolaram no GEDA VALE propondo aos membros participantes que se colocassem no lugar dos outros animais com base nas respectivas objetificações:

– Bezerro separado de sua mãe e confinado horas após o seu nascimento para produção de carne de vitela;
– Porco castrado sem anestesia quando ainda filhote para eliminar o possível odor gerado pela sexualidade que poderia afetar os produtos que serão gerados através de seu corpo;
– Galinha confinada em um espaço do tamanho de um A4 explorada para produção de ovos;
– Vaca usada na extração do leite;

* Nesse momento foi questionado o uso comum das expressões “vaca leiteira” ou “galinha poedeira”, onde o animal é identificado com base em uma de suas características aquela que beneficia financeiramente o seu senhor e não com base em sua totalidade e individualidade. A vaca não é leiteira, ela é usada, estuprada, explorada para produzir e “dar” o seu leite.

Uma forma mais simples de identificar o quanto é errado e estranho essas expressões é aplicar isso a um exemplo humano e ficará mais fácil de visualizar, por exemplo, pegando uma característica humana e definindo como única característica / função de determinado indivíduo: “mulher leiteira”.

8 e 9 Parágrafo: Esse trecho refere-se a comunicação entre espécies, o que pode ser e foi dito é que os outros animais tem linguagem. Nós temos a nossa e as outras espécies tem as suas linguagens especificas de cada espécie assim como nós. É falho afirmar e justificar a exploração animal com base na falta de linguagem humana das outras espécies, visto que nós também não temos a linguagem deles. E mesmo se um dia com tanta tecnologia podemos passar a ter ainda assim não justificaria explora-los. Nada justifica.

Golfinho e baleia possuem uma comunicação incrível. Morcegos também. Formigas e abelhas. O Camaleão e seu mimetismo (mudança de cor) é uma forma de se expressar e de comunicar do animal. Pavão com suas asas. Ou um porco que berra em um MATAdouro e muitos outros exemplos do reino animal.

Outra questão levantada é que o problema não está na linguagem das outras espécies. E sim na surdez de quem deveria ser o socorrista delas.

O socorrista que deve decifrar a mensagem da pessoa que precisa e clama por socorro. Tomamos novamente a questão humana para ilustrar e facilitar a compreensão com os exemplos do corpo de bombeiros ou da policia ambiental que devem estar devidamente atentos e preparados para identificar qualquer tentativa de pedido de socorro, seja em relação a um incêndio ou um sinal de fumaça de uma pessoa perdida na floresta.

Os animais também clamam por socorro, quando choram pelo filhote que lhe é tomado (vaca e bezerro), quando urram de dor em uma tentativa desesperada de na linguagem humana dizer “parem!” ou quando nos olham com olhares trêmulos, medrosos e tristes comunicando o quanto insatisfeitos estão com “suas vidas” que passaram a ser condicionadas as nossas, como bem ressaltado durante o GEDA VALE numa situação de zoológico onde mesmo diante do aprisionamento de animais as pessoas não percebem o “grito” de socorro, o que demonstra o tamanho da surdez humana que existe devido a cultura especista enraizada na sociedade.

10, 11 e 12 Parágrafo: Novamente é feito a sugestão para nos colocarmos no lugar do outro, no lugar dos outros animais, onde estaríamos confinados a essa cápsula não-humana que tenta comunicar-se com os humanos que não lhes dão ouvido, nem olhos, nem voz, muito menos a mão.

* Um parênteses foi feito e comparado a questão do especismo com a questão da transfobia, onde os indivíduos encapsulados em formatos corpóreos não aceitos pela sociedade são discriminados e violentados. A comparação existiu também pelo fato da expressão “confinados em cápsulas” remeter para algumas pessoas a transsexualidade onde um indivíduo pode possuir, por exemplo, um corpo externamente masculino com uma mentalidade feminina em seu interior.

A sociedade tem uma mania de perseguir o diferente, o desconhecido, um verdadeiro ódio ao corpo (somatofobia). Ao invés de ouvir os pedidos de socorro, ela ignora e massacra o que considera fora do padrão.

13 até 18 Parágrafo: Deste trecho até o seu final é desenhado o conceito de especismo elitista (que considera a espécie humana como superior e coloca todas as outras abaixo) e o conceito de especismo eletivo ou seletivo (que elege uma espécie não-humana como mais merecedora de direito do que a outra – como caso clássico dos protetores e de boa parte da sociedade que defendem com unhas e dentes cães e gatos abandonados e maltratados, mas que apoiam financeiramente e moralmente a escravidão e morte de outras espécies para fins alimentares, como se não fosse possível viver sem o consumo dos mesmos – vide exemplo dos milhares de veganos existentes no mundo – ou o caso dos primatas e diversos animais considerados próximos do ser humano ou considerados animais inteligentes que são defendidos com base nessas afirmações enquanto outros são enviados em seu lugar para morrer nos laboratórios espalhados pelo Reino Unido).

A conclusão final do artigo estudado é que todos os animais merecem respeito, e que não existe diferença alguma entre animais-humanos e as outras espécies que possa justificar a exploração animal, até por que a exploração é injustificável e o especismo, o preconceito de espécies, é a raiz motivadora de todas opressões humanas sobre os demais animais.

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