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Natal é uma data de celebração, festividades, alegria, abraços, sorrisos, fraternidade, aconchego, respeito, bondade, uma data de (re)nascimento, de novas perspectivas, mudanças, carinho e amor. Certo?

Não. Pelo menos é o que deveria ser, e na minha opinião, ser para todo mundo, sem exceções, mas isso não se aplica a pessoas como eu, pessoas tão diferentes como eu. Nosso Natal. Majoritariamente o natal não é realizado dessa forma para muita gente.

Não sei se o problema está em nossa cor, na cor dos meus semelhantes, talvez eles, os senhores, não gostem dela. Ou talvez sejamos explorados pela diferença de nosso tamanho, formato do rosto, da boca, do nariz ou na forma de nos expressarmos, nos comunicarmos, que justifique para eles nos aprisionar, nossa linguagem é bem diferente da deles, mas é a nossa, oras bolas. Afinal, quem disse que temos que ser todos iguais, não é verdade?

Ok. A questão não é só essa, acontece. Acontece que… eu tive sorte, muita sorte. Encontrei pessoas, semelhante aos senhores, da mesma cor, mesma boca, nariz, mesmo formatinho, mas que tinham algo de diferente. Essas pessoas falavam e ainda falam muito de justiça, liberdade, direitos e afins e diferente das outras que só falam, essas pessoas falam, fazem e praticam isso para si próprias e para todo mundo (sem exceções). E esse praticar para todo mundo é o que fez a diferença, muita diferença e eu sou a prova viva disso. Se não fosse por essas pessoas que possuem um campo de visão amplo eu ainda estaria na minha senzala, jogado junto aos meus irmãos também escravos.

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Tive a oportunidade de ser libertado por essas pessoas que pensam diferente, por essas pessoas que pensam. Infelizmente, meus irmãos semelhantes e uns bons outros irmãos bem diferentes de mim não tiveram a mesma sorte, muitos já morreram, eu quase fui um deles e outros estão ainda em pior situação, estão vivos, vivos para que sejam explorados até não aguentarem mais.

Meus amigos libertadores, todos aqueles que acreditam que eu tenho direitos e que lutam por isso, eles costumam dizer que o fruto de toda essa exploração está na discriminação pautada na diferença, logo, os senhores ignoram nossas semelhanças e me exploram pelas nossas diferenças, ouvi meus amigos dizerem também que todos os senhores podem mudar um dia, que só precisavam aprender a questionar, a refletir, a enxergar, a me ver, pois eles são cegos em relação a mim, a minha existência, as minhas vontades, as minhas particularidades, aos meus direitos.

Espero muito que nos próximos natais, mais pessoas como eu, ou diferentes de mim, tenham seus direitos respeitados e que não sejam mais escravizadas e açoitadas, não por pura sorte, mas por respeito dos próprios senhores que podem aprender a colocar o espírito de natal em prática no cotidiano e para todo mundo (sem exceções) e saírem da (falta de) lógica do mais forte explorando o mais fraco.

Ass: Lorenzo Varaha.

Um porquinho de cor diferente, tamanho diferente, linguagem diferente, espécie diferente, mas tão semelhante a todo mundo no direito de viver e ser livre.

Obs: Reparem que minha história acima poderia servir muito bem para um menino afrodescendente escravo em fazendas, para uma menina sequestrada para o tráfico sexual ou qualquer outro ser senciente e/ou consciente nesse planeta que esteja sendo discriminado, tudo isso por que a raiz do preconceito é sempre a mesma, o mais forte explorando o mais fraco baseando e justificando sua violência nas diferenças, ora diferença de cor (racismo), ora diferença de gênero (sexismo), ora diferença de espécie (especismo), entre outras discriminações.

Recuse-se a explorar nossos semelhantes, seja vegan!

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