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A “comida” de origem animal que comemos mascara muita crueldade…

Angela Yvonne Davis, nasceu em Birmingham, Alabama, morava em uma área conhecida como Colina Dinamite por causa do grande número de lares africanos-americanos bombardeados pela Ku Klux Klan (grupo que queria exterminar a população negra).

Angela foi aluna de Theodor Adorno, na Universidade Goethe, em Frankfurt e conhecida mundialmente por participar de um dos maiores julgamentos criminais dos Estados Unidos, pela visibilidade da condição negra na sociedade americana exposta no caso e por sua militância diária pelos direitos das mulheres e contra discriminação social e racial no país; também foi filiada ao Partido Comunista e atuou pelos direitos civis negros com os Panteras Negras e o Movimento Black Power, que buscava valorizar a cultura negra.

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Enquanto Angela Davis é conhecida por suas perspectivas abolicionistas sobre conceitos de raça, gênero e classe, a filósofa ativista não é tão conhecida por seus pontos de vista sobre as espécies animais, que são também libertárias. A grande estudiosa socialista, pode surpreender ainda mais o mundo, pois ela também não consome produtos de origem animal em prol da justiça para com eles.


“Eu não costumo falar que eu sou vegan, mas tenho evoluído nesse sentido”, disse Davis na 27ª Empowering Women of Color Conference, de acordo com uma transcrição disponível em RadioProject.org.

“Eu acho que é o momento certo para falar sobre isso, porque é parte de uma perspectiva revolucionária – como podemos não só descobrir relações mais compassivas com os seres humanos, mas como podemos também desenvolver relações solidárias com as outras criaturas com as quais compartilhamos este planeta e isso significaria desafiar toda a forma capitalista industrial de produção de alimentos.”

Desafiar esta forma de produção de alimentos, disse Davis, envolveria testemunhar a exploração animal em primeira mão. “Isso significaria estar consciente – dirigindo pelas interestaduais ou dirigindo pela 5, descendo para LA, vendo todas as vacas nas fazendas”, afirmou.

A maioria das pessoas não pensa sobre o fato de que eles estão comendo animais. Quando elas estão comendo um bife ou frango, a maioria das pessoas não pensa sobre o tremendo sofrimento que esses animais suportam simplesmente para tornar-se produtos alimentares a serem consumidos por seres humanos.

Para Davis, esta cegueira está ligada à comodidade.
“Eu acho que a falta de engajamento crítico com o “alimento” que nós comemos demonstra até que ponto a comodidade tornou-se a principal forma em que percebemos o mundo”, disse ela.

“Nós não vamos mais longe do que aquilo que Marx chamou de valor de troca do objeto atual. Nós não pensamos sobre as relações que esse produto incorpora e foram importantes para sua a produção, se é nossa comida ou nossas roupas ou nossos iPads ou todos os materiais que usamos para adquirir uma educação em uma instituição como esta.

Isso seria realmente revolucionário para desenvolver o hábito de imaginar as relações humanas e não-humanas por trás de todos os objetos que constituem o nosso meio ambiente.

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Davis adotou um tom similar em uma gravação de vídeo enviado para os Vegans de Color Blog.

“Eu não falo muito sobre isso, mas eu vou fazer isso hoje, porque eu acho que é muito importante.

A comida que comemos mascara muita crueldade. O fato de que podemos sentar e comer um pedaço de frango sem pensar nas condições terríveis em que os frangos são criados industrialmente no país é um sinal para os perigos do capitalismo, de como o capitalismo colonizou nossas mentes. O fato de que nós não olhamos além das próprias mercadorias, o fato de que nos recusamos a entender as relações das mercadorias que usamos diariamente. E a comida é assim.”

Davis sugeriu espectadores assistir ao filme “Food, Inc.” “E então pergunte a si mesmo”, disse ela, “como é sentar e comer esse alimento que é gerado apenas para os fins de lucro e cria tanto sofrimento?”

Davis concluiu seus comentários, relacionando explicitamente o tratamento de seres humanos e os outros animais.

“Eu acho que há uma conexão entre eles, e eu não posso ir mais longe do que isso, a maneira como tratamos os animais e a forma como tratamos as pessoas que estão ao fundo da hierarquia”, disse ela.

“Olhe como pessoas que cometem esse tipo de violência sobre outros seres humanos, muitas vezes aprenderam a apreciar isso decretando violência em animais. Portanto, há muitas maneiras pelas quais nós podemos falar sobre isso.”

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* Atualmente, Angela Davis é professora de filosofia na Universidade da Califórnia, desenvolve trabalhos sobre a comunidade negra, orienta e inspira gerações na luta por direitos civis e pela justiça social, já publicou diversos livros, sendo o último deles, O Legado do Blues e o Feminismo Negro.

Nota da Redação: É importante ressaltar que independente se os animais forem criados em fazendas industriais ou em fazendas tradicionais, com confinamento ou não, ainda assim nada justifica o uso e a exploração animal. A crítica de Angela Davis direcionada ao sistema industrial capitalista de produção e exploração animal, ao nosso entendimento, se deve ao fato de que nos Estados Unidos onde a militante mora, a maioria das fazendas de exploração animal usam de métodos de confinamento industrial.

• Para saber mais informações sobre Direitos Animais e Veganismo, acesse: www.SejaVegan.com.br

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