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[youtube https://www.youtube.com/watch?v=po9zL6scaw8 610 430]

 

Das incubadoras para as gaiolas
Nas incubadoras, que suprem as galinhas fêmeas para fazendas de comércios de ovos, pequenas fazendas produtoras de ovos e criadores de fundo de quintal, galinhas macho são brutalmente enterrados vivos, intoxicados com gás, eletrocutados ou sufocados, porque eles são inúteis para a indústria dos ovos e não são a raça de galinha vendida pela carne.

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As galinhas fêmeas são debicadas com apenas alguns dias de vida, para minimizar os danos causados por bicarem umas as outras. Bicar compulsivamente as penas é um comportamento relacionado ao estresse e é comumente relatado em galinhas colocadas em locais aglomerados.

Mais de 95% dos ovos nos Estados Unidos vêm de galinhas de “baterias de gaiolas” – galinhas confinadas com algo entre 5 até 11 outras galinhas em uma gaiola do tamanho de uma gaveta de arquivo. Cada galinha passa seus inteiros 18 a 24 meses de vida com menos espaço digno do que uma folha de papel, incapazes de se virar ou sequer de abrir suas asas.

Nestas condições enlouquecedoras as galinhas vão, inevitavelmente, bicar umas as outras devido ao estresse e angústia. Galinhas famintas ou desnutridas irão até mesmo tentar ingerir as penas das outras em busca de nutrientes.

 

Um olhar mais próximo da debicagem
A máquina de debicar retratada no vídeo é exatamente a mesma usada nas fazendas dos Estados Unidos. Como o vídeo foi feito como um anúncio por uma empresa que vende as máquinas ele provê uma boa imagem do que realmente acontece às galinhas durante o processo de debicagem.

Debicagem, também conhecida sob o eufemismo de “aparamento do bico”, é um procedimento doloroso onde 1/3 ou 2/3 de cada bico sensitivo da ave é serrado com uma lâmina quente, sem anestesia.

É uma prática padrão nas fazendas produtoras de ovos, incluindo a maioria das fazendas que vende seus ovos com selos como “free-range”(criado livre), “cage-free” (fora da gaiola) e “happy-hen” (galinha feliz).

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Embora produtores frequentemente tratem a prática de debicagem como inofensiva, comparando-a com cortar as unhas dos dedos, os bicos das galinhas não são nada como as unhas dos dedos humanos, ao contrário, eles são como a ponta dos dedos – cheios de vasos sanguíneos, receptores de estímulos de dor e nervos sensitivos, o que facilita a detecção de comida na floresta.

Em um estudo intitulado “The Bill Tip Organ of the Chicken”, o pesquisador revela que a ponta do bico da galinha contém mais receptores sensoriais do que qualquer outra área do bico, com uma grande concentração de terminações nervosas livres especializadas em estruturas sensoriais.

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O pesquisador escreve: “O grande número de mecanoreceptores* sugere que, como outras aves, as galinhas têm desenvolvido estas estruturas especializadas na ponta do bico para prover a necessária discriminação tátil e capacitá-las a fazer um número complexo de tarefas oralmente… Amputação parcial, mesmo que levemente, leva a uma considerável perda da percepção sensorial, o que reflete nas dificuldades para se alimentar apresentadas pelas aves após este procedimento. [Nós] forneceremos evidencias de ambos: dor aguda e crônica após aparamento do bico…”

De fato, debicagem é tão dolorosa para as galinhas que algumas morrem de choque no local; outras morrem de fome e desidratação, pois usar seus bicos é tão excruciante, ou as mutilações são tão desfigurantes que elas não conseguem agarrar e engolir a comida.

 

Selos ilusórios aos ovos e lavagem cerebral humana
Os patrocinadores do FreeFromHarm resgataram a galinha Lucinda, que demonstrava sérias deformidades no bico resultantes da debicagem, ou “amputação parcial do bico”. O veterinário que tratou Lucinda primeiramente disse que ela estava à beira de morrer de fome. O que muitas pessoas não percebem é que ovos de galinhas mutiladas em um estado ainda pior do que Lucinda são vendidos regularmente com selos que os humanos chamam de “criado livre” ou “fora da gaiola”.

Como os termos de rotulagem “humanitários” não são significativamente definidos ou executados, fornecedores de ovos conseguem burlar brechas internacionais nos padrões de certificação de bem-estar animal. Em um relato recente, até mesmo os fornecedores dos ovos “fora da gaiola” Trader Joe foram encontrados debicando suas galinhas, o que significa que as aves também viviam aglomeradas em condições estressantes.

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É importante perceber que a rotulagem humana é frequentemente uma estratégia de marketing, que ataca a consciência do consumidor para pagar mais por um suposto melhor tratamento do animal. De fato, da minúscula porcentagem dos ovos que não vêm das fazendas com gaiolas em bateria, a maioria dos ovos “criado livre” ou “fora da gaiola” vêm de galinhas que passaram sua vida inteira amontoadas com milhares de outras aves em galpões sem janelas, estando em camadas de dejetos tão grossas com seu próprio excremento e urina, que trabalhadores que entram nos galpões precisam usar máscaras, devido ao cheiro asfixiante de amônia no ar.propaganda-enganosa-publicidade-ovos-galinhas-felizes-soltas-consumo-free-range-cage-range-veganismo-especismo

As galinhas, é claro, não possuem tal proteção e sofrem severas queimaduras na pele e nos olhos, bem como problemas respiratórios. Elas também, como suas companheiras engaioladas, bicam umas as outras em sinal de frustração e desespero, então a maioria das aves sob o selo “criado livre” ou “fora da gaiola” também foram dolorosamente debicadas.

De fato, em adição às embalagens de ovos nitidamente marcadas como “criado livre” ou “fora da gaiola”, há outros selos “humanitários” que permitem e rotineiramente praticam a debicagem:
CertifiedOrganic; Certified Humane; American Humane Certified; ProcessVerified; Free-Roaming; Food Alliance Certified; and United Egg Producers Certified (Certificado orgânico; certificado humanitário; Certificado humanitário americano; Processo verificado; Andando livre; Certificado Food Alliance; e Certificado dos produtores de ovos unidos). Para uma explicação mais detalhada sobre as crueldades permitidas sobre estes e outros selos bem-estaristas, por favor, leia: Decifrando selos humanitários e suas brechas.

 

O que você pode fazer?
Você pode ajudar a acabar com esta crueldade eliminando ovos da sua dieta. Comprar ovos de pequenos produtores não é a solução, nem criar galinhas no quintal.

Vale a pena ressaltar: as mesmas incubadoras que suprem grandes fazendas produtoras de ovos com galinhas fêmeas também suprem a maior parte dos pequenos produtores e dos criadores de fundo de quintal. Apenas nos Estados Unidos, estas incubadoras matam brutalmente 250 milhões de galinhas macho todos os anos. Supondo ainda que se conseguisse encontrar alguma maneira de contornar esta cadeia de suprimentos assassina, é importante considerar que todo consumo de ovos (como todo consumo de laticínios) perpetua a ideia de que é moralmente aceitável usar animais e explorar o sistema reprodutor feminino.

Consumir ovos de qualquer galinha envia uma poderosa e perigosa mensagem: normaliza a prática de controlar e mercantilizar corpos femininos e processos reprodutivos, torna legítima a prática da criação de animais sencientes como propriedades, para explorá-los por sua carne e secreções, as quais nós não temos necessidade de consumir.

Não apenas há abundância em substitutos de origem vegetal para os ovos para uso culinário, como também é fácil e delicioso veganizar seus pratos preferidos, até mesmo os que forem a base de ovos.

Debicagem é apenas o começo do pesadelo que é a vida das galinhas usadas para consumo de ovos. Para mais informações sobre os ovos e as galinhas que os põem veja nossa matéria oficial sobre ovos.

[1] Mecanoreceptores: receptores que captam estímulos mecânicos, como tato ou contato com outras substâncias, como sentir a terra ou os alimentos no chão ao ciscar, por exemplo.

 

O conteúdo desse artigo traduzido foi escrito e devidamente autorizado pelos parceiros da Free From Harm.

 

• Para saber mais sobre Veganismo & Direitos Animais, acesse: www.SejaVegan.com.br.

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