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O que é o Vegetarianismo e o Veganismo?

Há quem reaja contra a avalanche de “vegetarianos” ou de “veganos” que confundem as pessoas por aplicarem a si mesmos conceitos que suas práticas diárias contradizem.

Entendo a reação de quem fica confusa com tanta gente se dizendo vegetariana e devorando tudo que é oferecido, mesmo que na receita artesanal ou industrial o ‘alimento’ ou a junk food esteja carregada de derivados animais.

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Então, para clarear, vamos lá: comer vegetais, ainda que sejam muitos, não transforma uma pessoa em “vegetariana”. Se assim fosse, boa parte das brasileiras e dos brasileiros poderia denominar-se vegetariana, porque botam bastante comida vegetal em seus pratos: arroz, feijão, batatas, cenoura, beterraba, grão-de-bico, lentilha, vagem, tomate, cebola, alho, chuchu, abóbora e tantos outros alimentos.

Entretanto, se no prato a gente leva qualquer produto feito à base de carnes, ovos, leite ou mel, mesmo que esses produtos estejam tão disfarçados que a gente não veja nenhum pedaço do animal ali, a gente não segue uma dieta vegetariana, ainda que vegetais rodeiem no prato as carnes, peixes e queijos.

Mas há derivados animalizados menos visíveis. Exemplo: corante carmim, ou, corante cochonilha que é o mesmo. Não se vê nada dos 150 mil insetos usados para se produzir 1 kg daquele pó vermelho usado em tudo que é hidratante, bala de goma etc. Outro exemplo: gelatina. Você não tem a menor ideia (você é força de expressão) de que a gelatina é feita do boi ou de uma misturada que pode até conter ossos e sabe-se-lá-mais-o-que, feito somente com a morte de algum ou de muitos animais.

Se a pessoa come sorvete feito com leite da vaca, ela não vê o leite, ali, só sente o sabor delicioso (composto com sabores e fixadores de sabores artificiais) que escolheu. Essa pessoa não é vegetariana, muito menos vegana.

Não se é vegano, se houver consumo de produtos feitos à base dos corpos dos animais, vivos ou mortos, não importa.

E, para se dizer vegetariano, não basta tirar as carnes do prato, mas deixar peixes, ovos, queijos, manteiga, iogurte, frozen, tortas, biscoitos e sabe-se-lá-mais-o-que produzido com o leite.

A confusão é porque muita gente que só para de comer as ditas “carnes vermelhas” (na verdade, originalmente, todas as carnes são vermelhas, o que acontece é que de muitos animais o sangue é escoado do corpo e das carnes no matadouro, por isso a carne vendida parece sem sangue. Havia sangue ali, sim.) e outras tantas pessoas que só não as comem um dia da semana já saem por aí dizendo que são vegetarianas.

Que a gente tenha clareza disto: peixes, frangos, ovos, manteiga, leite, carnes de todos os tons (a de vitela é meio rosada, a do salmão é … “salmão”) não dão em árvores, não brotam do solo, nem amadurecem em trepadeiras.

Dizer-se vegetariano só porque também come vegetais, é distorcer o conceito e arredondar para baixo. E não há como dizer-se vegano sem abolir tudo isso e mais os couros dos sapatos, bolsas, cintos, os pingentes de marfim e de madrepérola, as pérolas, a seda, a lã, o mel, os produtos de maquiagem testados em animais etc.

Dizer-se vegano sem defender radicalmente os direitos animais, ir a circos que usam animais, participar de gincanas que envolvam manipulação de animais, divertir-se ou passear (subir em charretes) usando animais, tudo isso contradiz o propósito vegano mais radical, a abolição de todos os usos e costumes fundados sobre a criação e matança de animais para atender a fins humanos.

Tem muita gente que sequer “vegetariana” é, mas gosta de dizer que é. E quando é vista comendo queijo, sorvete feito com leite de vaca, cachorro-quente, sanduíche recheado de tudo que é presunto, queijo, omelete e sabe-se-lá-mais-o-que, quando é questionada sobre a hipocrisia (fazer-se passar pelo que não se é, do grego), acusa, então, os veganos de radicais.

Eis aí uma característica positiva vegana: a radicalidade (não confundir com fanatismo e outros termos depreciativos que geralmente usam para nos atingir). E olha que, apesar de toda nossa radicalidade, os animais continuam com a senha da morte colada à testa, para encher o prato dos “vegetarianos” de vitrine.

Fiquei feliz quando li uma notícia de que Paul McCartney havia publicado um livro de receitas “vegetarianas”. Quando fui consultar estava cheio de receitas com laticínios e não eram leites vegetais, eram de vaca, mesmo.

Leite de fêmeas animais não dá em árvores, não brota do solo, não se pendura em arbustos. Só se confunde quem precisa. O jeito é desmascarar, até que ninguém mais que costuma comer bastante vegetais junto com outros derivados de animais se diga “vegetariano”.

Não basta “comer vegetais” para ser vegetariano. Não basta “não comer” animais para ser vegano. Veganas e veganos são ativistas abolicionistas, hostilizados por muitos ovo-galacto-carnistas. Mas a hostilidade passará. “Eles passarão,[nós], passarinhos”.

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